A Retomada de Craford
Quem leu o +2d6 Atmoland que eu postei váaaaarios meses atrás deve lembrar desse texto, mas quem não leu ficou sem algo muito legal para preencher alguns minutos de seu dia.
O Príncipe, sentado em seu trono, observava os aldeões se reunindo à sua frente. Todos se ajoelhavam perante o jovem, implorando que este salvasse suas casas e famílias. Ele sorria com desdém, observando aqueles pobres coitados quase chorando pelas perdas severas que acabaram de sofrer.
“Desejam minha intervenção, é isto o que meus ouvidos escutam?” Fala o rapaz, sem deixar de sentir um misto de prazer e satisfação ao ver os homens ajoelhados com as testas encostando no chão frio do salão real.
“Sim, por favor, imploramos por sua ajuda!” Grita o mais à frente, provavelmente o líder do grupo. “Se não puder nos ajudar, seremos completamente massacrados!”
Outro levanta a cabeça e começa a gritar e chorar. Estava maltrapilho e tinha um pano branco amarrado ao braço direito, sinal de que tinha lutado contra as feras e se machucado. “É a verdade! Nossa vila será exterminada se-”
“Nada farei.”
As duas palavras desprovidas de compaixão são proferidas pelo jovem no trono. O Príncipe parecia estar se deliciando com aquela cena, todos os homens levantando os rostos para ver qual expressão sinistra o jovem fazia, e se arrependem completamente por isso.
“O que quer...”
“Simples: desejo que morram.” Ele ri, e sua noiva sorri, enquanto encara os homens de forma a proteger seu amado caso algum deles tente atacá-lo. Era uma das mulheres mais leais da região, rivalizando apenas com algumas dissidentes do reinado atual e algumas nobres submissas. “Seus costumes não me agradam, muito menos o fedor que trazem em seus corpos e roupas. Meros aldeões não são dignos de minha presença e poder.”
Um dos homens se levanta e tira o manto esfarrapado que o cobria, revelando uma armadura metálica e sua arma, um bastão retrátil que aumenta de tamanho com o toque em um botão oculto. O homem, já de cabelos grisalhos e tapa-olho, observa os poucos soldados no salão e apoia o bastão no ombro, tomando uma postura desleixada e zombeteira. “Parece que o velho falou a verdade. Temos um tirano tentando destruir essa cidade bem à nossa frente, pessoal.”
Mais dois outros homens se levantam e removem os mantos. Um era outro combatente leve, usando uma roupa sem o menor sinal de proteção mais eficaz do que o tecido mágico que se transformava numa pesada armadura após algumas palavras silenciosas do homem. O outro era na verdade uma bela garota de vestido, capa e chapéu brancos, que convoca seu báculo do nada e o empunha com firmeza, preparada para o combate que se seguiria; as roupas dela eram azuis e o cajado tinha uma esfera azul na ponta, provavelmente uma maga do gelo.
O outro homem empunha sua pesada arma e se lança contra os guardas, abatendo dois com apenas um golpe de sua arma. “Esses aqui são moscas, o orelhudo já deve ter tomado conta do palácio real com os seus monstros.” Sua constatação é real, pois as armaduras dos soldados são tudo o que sobram depois que o que era para ser carne se transorma em centenas de moscas após serem derrotados.
“Deixem comigo.” A garota faz um movimento com seu báculo como se o brandisse como uma espada, liberando dezenas de pontas de gelo que atingem todos os soldados restantes, sem atingir os outros aldeões que estavam com eles.
“Pronto, vamos poder começar a batalha final.”
Sem se abalar com o rápido desenrolar da cena, o Príncipe se ajeita no trono e levanta. “Vossas atitudes custar-lhe-ão vossas vidas. Podem compreender a punição que estou prestes a lhes passar?” Ele se prepara, desembainhando a espada que sua noiva prontamente lhe oferece. Logo em seguida, ele rasga um
papel que acaba de tirar do bolso da calça e vários selos mágicos o envolvem, aumentando sua força, agilidade e habilidades.
“Oh, e ele ainda não confia em si mesmo. Pessoal, protejam os aldeões, vou cuidar dele sozinho.” Disse o homem de tapa-olho, preparando o bastão. Sem esperar por um discurso diabólico, ele corre na direção do Príncipe e levanta sua arma, pronto para atingir seu alvo com força máxima. O Príncipe dispara contra seu agressor, com a espada mirando no coração de seu inimigo. Antes que as armas tocassem os corpos de seus inimigos, uma flecha corta o ar e atinge o lado esquerdo do pescoço do Príncipe, quebrando a concentração e deslocamento dele, dando espaço para que o de tapa-olho o atingisse em cheio no rosto. “Eu falei SOZINHO!” Grita o de tapa-olho para a arqueira escondida numa região mais alta da sala, grudando na parede.
O Príncipe se levanta, arranca a flecha do pescoço e levanta-se novamente. “Se é assim que desejais...” Com um estalar de dedos, sua noiva rasga suas roupas e se torna uma imensa e feroz Qumeira, rugindo e abrindo suas asas feitas de pele de cobra.
O quarteto se reúne e prepara a ofensiva, iniciando uma luta épica contra os dois tiranos, logo após guiar os aldeões para fora do salão.
Aquele embate ficaria conhecido como ‘A Retomada de Craford’.
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